25 de dez. de 2012
Leviatã - Scott Westerfeld - Galera Record
Leviatã –
Scott Westerfeld – Galera Record
Steampunk é um termo utilizado para
definir um gênero literário que vem crescendo compulsivamente na última década:
uma espécie de romance com inserção de mecanismos inventados (pelo autor) numa época
em que não deveriam existir (no passado). “Leviatã aborda tanto futuros possíveis
quanto passados alternativos” (segundo palavras do próprio Scott) porque além
das máquinas sofisticadas, encontramos também o embate destas com os monstros –
espécies animais criadas intencionalmente pelos cientistas, baseados nas
teorias evolucionistas de Charles Darwin – e, assim, criando espécies
melhoradas de modo a atender as necessidades de um governo. Acima de tudo, o
embate ideológico entre mekanistas e darwinistas é moral, e toda ideologia é a
melhor de todas, até que uma necessidade maior coloque tudo a perder e você
tenha que entender o mundo sob o ponto de vista do inimigo.
Para
quem nunca leu nada do gênero, este “Leviatã” é uma boa iniciação, pois para além
do confronto entre ideais, há todo um enredo que envolve dificuldades típicas
da virada de século – encabeçado por Deryn, uma jovem garota que não quer ser tratada
como uma mocinha, mas sim se aventurar pelos ares com a Força Aérea. Só que
tudo isso está acontecendo no começo do século XX, momentos antes da Primeira
Grande Guerra assolar o mundo – aliás, o catalisador deste acontecimento é o
assassinato dos pais do protagonista, Aleksandar, que, por ser filho de uma mãe
com sangue não-nobre, não teria direito ao trono do reino austríaco. Com os
pais assassinados na Sérvia, Alek é forçado a abandonar seu país no meio da
madrugada e a fugir como um cachorro assustado, na esperança de um dia as
coisas se acalmarem e, então, ele poder reivindicar o trono. Dá-se, assim, o início
da batalha entre Sérvia e Áustria, com a Alemanha metendo o bedelho por estar
louca por uma briguinha e a Suíça aparecendo como o refúgio mais neutro e acessível
ao jovem mestre Alek.
Durante
as pouco mais de trezentas páginas deste primeiro volume da série, acompanhamos
as desventuras de Dylan/Deryn e Alek separadamente, para, no meio do romance,
seus destinos finalmente se cruzarem. O autor acertou a mão na hora de
descrever as máquinas e monstros, escolhendo adjetivos completamente visuais
e/ou sensoriais, o que ajuda o leitor a ter uma real noção do quão
assustadoramente maravilhosos são essas criaturas. Menção honrosa ao ilustrador
Keith Thompson, que com seu traço preciso e detalhista conseguiu dar vida às
ideias loucas de Scott, proporcionando uma imersão maior do leitor a esta fictícia
época do início do século.
Para
escrever um livro dessa magnitude - um projeto ambicioso e grandioso tal como a
própria baleia Leviatã -, Scott contou com uma equipe de colaboradores que o
auxiliou na pesquisa, composição e, principalmente, na arte da trama. Não à toa
o autor dedica o livro a esta equipe. E, por fazê-lo, respeito-o ainda mais,
afinal, toda grande obra e todo grande feito não é fruto do esforço de apenas
uma pessoa, mas de um time de sonhadores que compram a briga com você.
0 comentários:
Postar um comentário